O mundo inteiro parou para assistir o que “era” o maior clássico mundial do futebol, um Brasil x Argentina que tinha tudo para ser uma grande partida.
O pontapé inicial, porque futebol teve muito pouco, atrasou 28 minutos em razão de uma batalha iniciada nas arquibancadas do “Templo do Futebol”, reflexo de uma torcida mista dividindo o mesmo espaço.
Alguns de nós já estamos acostumados com as barbáries que ocorrem nos campeonatos disputados pelo Brasil, inclusive com algumas mortes.[1][2] Os tribunais desportivos vêm buscando, de certa forma, punir os responsáveis, no escopo de coibir tais práticas, para melhorar o esporte, as competições e, principalmente, salvar vidas.
Entretanto, se no maior nível de profissionalismo – que poderia e deveria dar exemplo para coibir tais práticas, seja por seus diretores, jogadores, torcedores, polícia, organização, etc. – ocorre justamente o contrário: como será possível inculcar uma melhor prática do esporte?
Após terem diminuído os ânimos nas arquibancadas, o time da Argentina se retirou do campo, inicialmente sob a alegação de que não havia segurança para a partida, e que não sabiam se iriam voltar ou não.
Cabe ressaltar aqui que tal decisão – para o Direito Desportivo não é de uma das partes –, mas sim do árbitro da partida, que é o único que tem a possibilidade de decidir tal questão.
Longe de buscar culpados ou heróis, a CBF emitiu uma nota oficial[3] afirmando que cumpriu rigorosamente o plano de ação, de segurança e operação da partida, tal qual foi aprovado pela Polícia Militar do Rio de Janeiro e demais autoridades, e que o modelo de torcida mista não se trata de um modelo imposto pela CBF.
Agora a FIFA irá analisar e julgar o presente caso, que não tem um histórico de punições exemplares, apenas algumas multas e, no máximo, perda de mando de jogos, o que, inclusive, é visto como prejudicial para as próprias organizadoras, já que recebem parte dos valores do mando de jogo.
Por fim, perdeu o Brasil a partida, pela primeira vez em seu território em uma eliminatória da Copa do Mundo[4], perdeu o telespectador que viu um péssimo jogo de futebol, perdeu, ainda mais, a imagem o futebol brasileiro, já bastante depreciada internacionalmente, e perdeu-se o respeito por uma vergonhosa briga nas arquibancadas.
Enfim, perdeu o futebol, perdeu o esporte, e ganhou a violência.
Aguardemos agora 25 de março de 2025, o jogo da “volta”, e como os reflexos do jogo de ontem repercutirão na Argentina. Enquanto isso, nos resta lutarmos para a conscientização de que esporte é local da família, saúde e competição saudável e não para os vândalos que tomaram conta da paixão nacional.
[1] https://oglobo.globo.com/esportes/noticia/2023/07/10/pelo-menos-sete-torcedores-ja-morreram-por-causa-de-brigas-no-futebol-brasileiro-em-2023-relembre.ghtml
[2] https://www.terra.com.br/esportes/futebol/futebol-brasileiro-chega-a-oitava-morte-em-conflitos-entre-torcedores-em-2023,9d85bf9dfb3ef18654d48189b4748097cevdrs7e.html
[3] https://www.cbf.com.br/a-cbf/informes/index/nota-oficial-brasil-x-argentina
[4] https://www.fifa.com/fifaplus/pt/tournaments/mens/worldcup/canadamexicousa2026/articles/brasil-argentina-eliminatorias-sul-americanas-copa-do-mundo-2026-resumo